Totalmente premiado! “Ainda estou aqui” faz história no Oscar e leva a categoria de Melhor Filme Internacional
Júlia Duarte / @juju_duartesz
Novo pôster de “Ainda Estou Aqui” • Divulgação/Sony Pictures
Quando você vê estatuetas douradas, tapetes vermelhos e flashes para todos os lados, o que você pensa?
Para os amantes de cinema, a resposta é clara! O Oscar! Oficialmente denominado de Prêmios da Academia, é reconhecido como a maior premiação de cinematografia do mundo e, em 2025, o Brasil retornou aos tapetes vermelhos do Oscar, com a imensidão e a brasilidade de “Ainda estou aqui”.
Com um enredo que elucida as rachaduras de uma história marcada pelo autoritarismo, o longa-metragem de Walter Salles emocionou continentes e transcendeu barreiras, tornando-se a primeira obra brasileira a vencer uma categoria do Oscar, a de Melhor Filme Internacional. Além disso, indicado também a Melhor Filme, “Ainda estou aqui” debutou como filme de língua portuguesa na principal categoria da premiação.
“Vocês viram a Fernanda Torres?”, eles disseram. Após mais de duas décadas da indicação de Fernanda Montenegro, sua mãe, a uma das mais importantes categorias do Oscar, a atriz e escritora brasileira encanta o mundo com a sua performance e o seu carisma e, leva o país, a sua segunda representação na categoria de Melhor Atriz.
Assim, concluindo a sua jornada no Oscar de 2025, ao estrelar em três categorias, o Brasil alcançou a sua 13ª participação em uma Premiação da Academia.
Mas, em um país marcado pela desvalorização das produções nacionais, será que essas indicações levaram a muito mais do que à premiação?
Entenda a influência e o impacto da participação e do triunfo nacional na maior cerimônia de premiação cinematográfica do mundo no cenário da comunicação no país:
Qual a influência de “Ainda estou aqui” para o cinema?
Há muitos anos um filme brasileiro não movimentava tanto o cenário internacional e, principalmente, o nacional. O longa-metragem, produzido por Walter Salles, atravessou oceanos e emocionou multidões, consolidando-se como a terceira maior bilheteria do país, com mais de 5 milhões de espectadores.
Em um Brasil onde o cinema nacional enfrenta barreiras como a precarização de políticas públicas, a carência de investimentos publicitários e a desvalorização da produção cinematográfica local — também por parte da população —, um filme com o alcance e a intensidade de 'Ainda estou aqui' torna-se não apenas uma obra a se apreciar, mas também um caminho de possibilidades para uma nova etapa do cinema nacional.
Em entrevista ao portal UOL, Simone Oliveira, diretora de produção criativa da produtora A Fábrica — que assina sucessos como Minha vida em marte e Modo avião —, comentou sobre o impacto da premiação de “Ainda estou aqui” no Oscar para o cenário da cinematografia no país:
“A vitória no Oscar não apenas traz prestígio, mas pode trazer mudanças significativas na indústria cinematográfica brasileira, desde o aumento de investimentos até a diversificação de gêneros e produções regionais. Além disso, eleva a autoestima nacional, com os brasileiros querendo se ver representados nas telas, gerando uma demanda crescente por produções que reflitam a nossa cultura. O sucesso de "Ainda estou aqui" está resgatando memórias nacionais adormecidas e valorizando nossa arte e nossas histórias.”
Embora represente a viabilidade de novos cenários para o cinema brasileiro, o filme dirigido por Walter Salles não deve ser o único caminho para a valorização da produção nacional, e sim, um novo ponto de partida. Assim, evidenciando-se a necessidade da implementação de políticas públicas para o reconhecimento dessa arte nacional.
Cota de Tela:
Durante o mandato de Jair Bolsonaro, no ano de 2021, o Decreto Cota de Tela, responsável por exigir a inclusão de longas-metragens brasileiros na programação de empresas do ramo cinematográfico, não foi renovado.
Em um cenário desestabilizado pelas cicatrizes da pandemia da Covid-19, com a falta da obrigação legal, as grandes redes de distribuição cinematográfica optaram pela certeza da popularidade de filmes Hollywoodianos, como Avatar: o caminho da água e Doutor Estranho no multiverso da loucura, marginalizando a produção nacional.
No entanto, em 20 de dezembro de 2024, foi publicado no Diário Oficial da União o Decreto nº 12.323/2024, responsável por garantir a obrigatoriedade da exibição de obras cinematográficas brasileiras no ano de 2025. Além disso, a Lei nº 14.814/2024 prorrogou a aplicação da cota até o ano de 2033, entretanto, será necessário um Decreto Presidencial para adequá-la a cada ano.
“Lei Ainda estou aqui”:
Inspirado pelo sucesso do filme de Walter Salles, no dia 28 de fevereiro de 2025, o deputado federal Carlos Veras (PT-PE) apresentou um projeto propondo a criação da “Lei Ainda Estou Aqui”, a qual promoveria a instituição do Cadastro Nacional de Cinemas Tradicionais. O objetivo seria auxiliar a manutenção e o desenvolvimento de salas de cinema que encontram-se fora dos grandes circuitos de exibição, como cinemas de rua ou cinemas independentes.
“Ainda estou aqui”: Disponibilização do filme e do livro
Por meio de projetos de indicação, as deputadas Luciene Cavalcante (PSOL-SP) e Juliana Cardoso (PT-SP) propuseram a distribuição do livro de Marcelo Rubens Paiva, obra que norteia o longa-metragem de Walter Salles, nas escolas brasileiras.
Já Adriana Accorsi, deputada do PT-GO, propôs a criação de um projeto de lei, responsável por exigir a exibição de “Ainda estou aqui” em escolas de ensino médio da rede pública e privada. Ademais, o projeto visa a realização de atividades pedagógicas complementares, as quais ressaltem a “conscientização sobre temas sociais, históricos e de direitos humanos”.
Como “Ainda estou aqui” valorizou a arte brasileira e o teatro nacional?
“Ainda estou aqui”, filme dirigido por Walter Salles, expandiu horizontes que vão além do cinema, impactando e ressoando as vozes de artes que dão vida ao Brasil, como o teatro.
Em um país incrustado pela desvalorização da própria cultura, a arte teatral sofre com o afastamento da população brasileira, seja pela localização das salas, pelos exorbitantes preços dos ingressos ou, até mesmo, por já existirem outras diversas formas de entretenimento. Assim, a jornada histórica do longa-metragem, inspirado pelo livro de Marcelo Rubens Paiva, não apenas abre portas para a cinematografia brasileira, mas também ressalta a importância do reconhecimento do teatro nacional.
Em entrevista para a Cria UFMG, José Luiz Ribeiro, membro da Academia Brasileira de Cultura e fundador do Centro de Estudos Teatrais - Grupo Divulgação, falou sobre a importância dessas indicações ao Oscar para o teatro brasileiro:
“Nós aparecemos para o mundo. A indicação ao Oscar deu uma visibilidade para a arte brasileira. Infelizmente, muitas vezes para que a arte nacional seja valorizada é preciso o aplauso internacional. Então, essas indicações para o Oscar, não só abrem os horizontes para a arte brasileira, mas também iluminam o trabalho artístico no Brasil, seja ele tanto no cinema, quanto no teatro.”
Ao vivenciar por décadas o teatro de perto, o também ator e dramaturgo, José Luiz, confessou a sua emoção ao assistir Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, mãe e filha, representando internacionalmente o talento e o potencial brasileiro:
“Pelo benefício de idade, eu acompanhei a Fernanda Montenegro em toda a sua carreira, acompanhei também todo o desenvolvimento do trabalho da Fernanda Torres, tanto como atriz, quanto como escritora. Então, eu acho que é uma coisa muito rica pro Brasil nós termos a continuidade do trabalho da Fernanda Montenegro apresentada de uma forma tão bela pela Fernandinha. Eu gostei muito da interpretação dela. A Fernanda conseguiu transmitir mil sentimentos com apenas um olhar.”
Ainda em conversa com a Cria UFMG, o membro da Academia Brasileira de Cultura relembra as dificuldades vividas como ator durante a Ditadura Militar, compartilhando algumas de suas experiências sob o regime. José Luiz destaca a necessidade e a importância do enredo de “Ainda estou aqui” para evidenciar o passado e mudar o futuro.
“A gente tinha que inventar formas para enfrentar a ditadura. Então nós temos “Alegria, Alegria”, nós temos “A banda”, nós temos os festivais da Record, tem Tom Jobim, tem Vinicius de Moraes. Em 1972 era o período Médici, pesadíssimo, mas também era o cinquentenário da Semana de Arte Moderna, então o governo fez uma grande propaganda “Independência nas Letras e nas Artes”. Foi aí que eu montei a peça “A Morta”, de Oswald de Andrade, que era um espetáculo virulento e eles não puderam falar NADA!”
“Eu acho que esse momento é muito rico para a gente discutir o passado para que ele não se repita, é discutir performance para mudar.”
“Ainda estou aqui” reacendeu o orgulho nacional e inspirou o Brasil?
Em um período de seis meses, “Ainda estou aqui” transcendeu as salas de cinema e inundou as terras brasileiras. O filme de Walter Salles, não apenas abriu portas para a arte do país, como também despertou a “chama nacional”.
Desde a sua estreia no Brasil, em 7 de novembro de 2024, o filme inspirado pelo livro de Marcelo Rubens Paiva revolucionou o cenário nacional. Emocionando e inquietando multidões, “Ainda estou aqui” mudou a forma como o povo brasileiro enxerga a sua própria arte e efervesceu o orgulho de uma nação.
Nas mídias sociais, os fãs brasileiros mostraram ao mundo a força do público do país ao impressionar a todos com engajamento extraordinário nas redes, alcançando milhares de likes e comentários:
Fernanda Torres no Governors Awards. Fotos por Sami Drasin (@samidrasin) |
Fernanda Torres no Oscar. Fotos por Dana Scruggs (@DanaScruggs) |
No Rio de Janeiro, o bloco ‘Rola Preguiçosa’, conhecido por sua animação e inclusão, desfilou na famosa festa brasileira ao som de uma canção inspirada por “Ainda estou aqui”. Em Belo Horizonte, o filme ganhou destaque carnavalesco ao ser o tema de um bloco da região. Mobilizado pelo Coletivo Alvorada, o bloco “Ainda estamos aqui” contou com folia de Carnaval e transmissão ao vivo do Oscar. Já em Olinda, Fernanda Torres foi homenageada ao ser representada como um dos famosos bonecos gigantes da região. “"Virar boneco de Olinda — isso, sim, é consagração", afirmou a atriz em entrevista à GloboNews.
Foto: Reprodução / @alvoradacoletivo |
Foto: Reprodução / Nany Lima / Prefeitura de Olinda |
Matéria espetacular!!!! Parabéns!!!
ResponderExcluirÓtima matéria! Rica em informações e super interessante!!
ResponderExcluirExcelente! Parabéns pela matéria!👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirÓtima matéria. Parabéns!!!!
ResponderExcluirParabéns!! Excelente matéria!!
ResponderExcluirExcelente matéria, o Brasil merece este reconhecimento.
ResponderExcluirExcelente matéria! Parabéns!
ResponderExcluirIncrível! Matéria muito completa, interessante e cheia de informações importantíssimas!
ResponderExcluirQue matéria incrível!!
ResponderExcluirmuito bom!!!
ResponderExcluirMuito boa a matéria. Parabéns!!!
ResponderExcluirExcelente matéria! Parabéns!
ResponderExcluirParabéns ! Muito boa a reportagem!
ResponderExcluirMuito boa a matéria, cheia de informações 👏🏾👏🏾👏🏾
ResponderExcluirGostei muito, parabéns 😍
ResponderExcluirmatéria incrível!!! parabéns amgg!!!
ResponderExcluirUm filme pra gente ver muitas vezes pra não não esquecer de tudo o que aconteceu dentro do nosso país.Otima matéria,com muitas informações,parabéns Júlia,continue assim!!!
ResponderExcluirParabéns, uma matéria muito rica em explicações
ResponderExcluirAdorei essa matéria! Muito interessante
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