POR TRÁS DAS FEIRINHAS DE ARTE DA UFMG

 Por Gabriel Xavier / @_gabrielalvesx

Posters oficiais da Feira EBA e da Feira da Conservação

As feiras de arte realizadas no campus da Pampulha da UFMG são um clássico exemplo da cultura estudantil da federal mineira. Esses momentos mostram alunos com ideias inovadoras compartilhando suas criações com a comunidade universitária, divulgando o seu trabalho e vendendo suas produções, criando um campo de florescimento cultural único e essencial para a instituição. Os principais eventos realizados são: a Feira da Conservação, que é realizada dentro do prédio da Faculdade de Belas Artes, e a Feira EBA, que acontece na Praça de serviços da universidade.

Os eventos reúnem majoritariamente artistas dos cursos de artes da UFMG, mas também possui a inclusão de criadores de outras áreas da própria universidade, que vendem prints, adesivos, chaveiros, esculturas, acessórios e às vezes até roupas por meio de brechós. Criando não só uma diversidade de produtos, mas também de estilos de produção, com artes produzidas utilizando diferentes técnicas e visões artísticas.


Mas afinal, como funciona a Feira da Conservação?

A Feira da Conservação é um evento de venda de artes organizado pelos alunos do curso de Conservação e Restauração da UFMG, mas atualmente o único responsável pela gestão do evento é o aluno Marcello Guimarães. A feira acontece no “piscinão” do prédio da Belas Artes, sendo um espaço mais reduzido, logo há uma rotatividade e duração maior, tendendo a se estender por 3 a 4 dias. De acordo com Marcello, pelo o espaço ser menor, há uma facilidade maior na montagem do evento, não sendo necessário o aluguel de mesas, sendo possível a utilização de algumas cedidas pela própria universidade.

Segundo ele, um dos principais diferenciais do evento é a sua venda de livros, com expositores vendendo variadas obras por preços muito mais acessíveis, um desses comerciantes sendo o próprio Marcello, que vende de seu acervo pessoal e livros recebidos de amigos e professores da universidade, criando um comércio mais sustentável e financeiramente acessível.

Além disso, outro diferencial da feira é a sua acessibilidade, possuindo taxas de inscrições extremamente reduzidas, o que facilita a entrada de artistas interessados em expor as suas produções e receber um retorno financeiro com elas.

Com Marcello sendo o único organizador atualmente, ele é o responsável pela montagem do evento, sua divulgação que acontece nas redes sociais e por meio de cartazes na universidade, a produção das artes dessa comunicação e a sua organização interna.

O caráter íntimo da feira cria um ambiente confortável e agradável para expressão artística, chamando alunos não só da Belas Artes, mas como da UFMG por um completo para conhecerem novos artistas e prestigiar a produção criativa de universitários.


Pôster oficial da Feira da Conservação e imagens da feira fornecidas por Marcello


E a Feira EBA?

O evento é realizado na praça de serviços da UFMG, sendo organizado por um grupo de 5 pessoas, com a idealizadora do evento, Isabella Rosendo, conhecida como isa__rosendo nas suas redes sociais, coordenando ele. A feira possui 62 vagas para artistas expositores, porém devido a revezamentos e divisão de mesas, o evento já chegou a ter mais de 100 artistas vendendo as suas produções. A grande escala da Feira permite uma alta variedade de artistas, com estilos e tipos de produção diferentes e até brechós um pouco maiores, criando um ninho de florescimento artístico e cultural essencial para a comunidade universitária.

De acordo com Isabella, aluna do curso de Artes visuais com habilitação em pintura e idealizadora do evento, a feira nasceu em 2022 logo após a volta às aulas presenciais. Vindo de uma ideia durante a semana de recepção de calouros, na qual houve uma feirinha de trocas de artes, com alunos trocando e vendendo as suas produções realizadas durante o isolamento, nesse evento a Isabella vendeu todo o seu estoque acumulado e teve a ideia de fazer a Feira EBA. Sendo realizada originalmente no prédio da Belas Artes, com o tempo ela foi se expandindo e foi realocada para a Praça de Serviços da UFMG, a qual é reservada pela própria aluna.

Atualmente, o evento se tornou um projeto de extensão e é organizado por 5 alunos e orientado pela professora Liliza Mendes, com a Isabella sendo a Idealizadora, produtora e coordenadora, Tainá Ribeiro sendo responsável pela montagem de monitoria no dia da feira, Caio Marqz sendo o organizador das inscrições, Sol Mattos sendo responsável pelo aluguel e obtenção de materiais para o evento e o Daniel Borges sendo o designer responsável pela identidade visual.

Apesar da escala da feirinha, ela continua mantendo o ambiente agradável e confortável que é essencial para a natureza dele, servindo para a criação de laços entre alunos por meio da venda de artes. Além disso, devido ao tamanho do evento, muitos artistas chegam a produzir novas artes para ele, seguindo tendências do momento, segundo Isabella, uma ótima maneira de encontrar bons lucros dentro do evento é por meio da produção de itens como adesivos, prints, artesanatos e coisas do tipo, visto que produções de alto custo tem uma dificuldade maior de serem vendidas em uma feira cujo o público é universitário, vendo uma habilidade essencial para boas vendas na feirinha é o conhecimento do seu público.

Uma outra influência para os lucros dentro do evento são as suas datas, e de acordo com a artista, as feirinhas tendem a serem mais lucrativas próximas de feriados, por exemplo, visto que muitos compradores estão procurando por presentes.

Segundo Isabella, a criação desse projeto de extensão foi de extrema importância para a sua formação profissional, a auxiliando a conseguir um estágio e a se descobrir dentro do mercado da produção cultural. A feira expandiu os seus horizontes, como também expande as oportunidades dos alunos que vendem dentro dela.

A seleção dos artistas para o evento é por ordem de preenchimento do formulário de inscrição, incentivando todos os artistas interessados a se inscreverem. Sendo um campo de treinamento para artistas aprenderem a vender as suas artes, dentro de uma comunidade acolhedora e engajada.


Logo da Feira EBA, imagem da feira fornecida por Isabella e foto de Isabella



O relato de uma artista expositora

Letícia Azevedo, conhecida como @little_gnoma nas redes sociais, é uma artista e aluna do curso de Cinema de Animação da UFMG, sendo uma participante ativa das feirinhas de arte que ocorrem na universidade. De acordo com a ilustradora, sempre foi seu sonho vender a própria arte, então é extremamente gratificante ter essa oportunidade de realizar isso na faculdade, além de ajudar bastante no ganho de uma renda enquanto ainda estando dentro da universidade.Ademais, a estudante afirma que as feirinhas universitárias são uma ótima maneira de formar laços e de desenvolver habilidades, as quais também trouxeram oportunidades como a participação de feiras de fora do campus e até como uma preparação para grandes feiras realizadas no país, funcionando como um verdadeiro campo de treinamento.

Outro ponto tocado pela artista é o conforto das feiras em comparação a eventos não universitários, visto que as feirinhas realizadas na UFMG possuem uma comunidade unida e segura, um espaço grande e confortável, fácil acesso a comida e a água, e sem contar de não ter medo de ser roubada. A aluna comenta da sua gratidão pela organização do evento e até cita um possível interesse de realizar uma atividade parecida no futuro.

Na visão de Letícia, não há um incentivo da universidade para a participação de alunos de cursos de artes nas feirinhas, às vezes sendo desencorajados ou até julgados por perderem aulas para poderem vender as suas obras. Vale destacar que muitos alunos dependem financeiramente das feirinhas para conseguirem se manter na universidade, visto que muitos não conseguem ter empregos de carga horária fixa devido aos horários das aulas.

Por fim, Letícia comenta sobre como a feira afetou o seu processo criativo, no qual ela se refere quase como uma faca de dois gumes. Associando a feira a uma evolução das suas habilidades artísticas, a incentivando a produzir mais arte com uma maior consistência. Entretanto, essa produção dificulta a criação de arte com o cunho mais pessoal e menos comercial, às vezes sentindo a pressão de produzir algo apenas porque está em alta. A sua participação nas feirinhas definitivamente mudou as criações de suas produções, pensando muitas vezes na viabilidade de venda e nem apenas em seus gostos pessoais. Mas a artista está à procura de um meio termo, entre a pessoalidade de suas artes e a comerciabilidade delas.


Imagens fornecidas por Letícia


Pontos finais

Além das feirinhas da universidade fornecerem um ambiente confortável e agradável para os estudantes que participam delas, os seus valores de inscrições também se provam muito menores do que os vistos fora do campus, incentivando a participação dos alunos nos eventos e aumentando o seu potencial lucrativo.

Em outra frente, os grupos de whatsapp para a organização da feira vem se tornando mini comunidades para os artistas participantes, com discussões sobre gráficas, produções artísticas e sobre as feirinhas em geral, aumentando mais ainda o senso de comunidade e de pertencimento dentro do ambiente da universidade.

Um ponto em comum comentado pelos entrevistados é uma falta de incentivo da universidade na execução das feirinhas, considerando que elas são uma parte tão grande da cultura da UFMG, seria ideal um apoio maior a existência desse eventos culturais, sendo por meio de uma divulgação maior, ou uma apoio aos alunos que vendem suas artes no evento, a universidade tem a capacidade de fortalecer ainda mais esse espaços, reconhecendo as feirinhas como uma forte parte da cultura do campus e valorizando as produções artísticas e empreendedora dos estudantes. Esse apoio não só fortaleceria a cena cultural no campus, mas também o senso de pertencimento e identidade dentro da UFMG, promovendo a arte e o protagonismo estudantil.

Por fim, a preservação de ambiente artísticos como a Feira da Conservação e a Feira EBA se mostram essenciais para a preservação da cultura da UFMG, empoderando alunos artista a exporem as suas obras e conseguirem uma remuneração com base nelas, e alimentado a base cultural de compradores e visitantes dos eventos, fortalecendo o senso de comunidade tão essencial para o funcionamento da universidade. Promovendo uma troca rica entre público e artista, esses eventos são um de muitos que tornam a UFMG a universidade que é.


Comentários

  1. 👏🏻👏🏻👏🏻 ótima matéria!!!

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  2. matéria interessante e muito bem escrita!!

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  3. Matéria super bem escrita, fiquei feliz demais em poder participar! As perguntas e os pontos levantados foram ótimos! E viva as feiras da UFMG!

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