O Met Gala Além do Tapete Vermelho: Moda, Poder e Exclusividade
Júlia Resende / @juju.resendee
| Rihanna e ASAP Rocky no Met Gala de 2023 – imagem do site Vogue |
O que acontece quando moda, arte e celebridades colidem em uma única noite no tapete vermelho?
O Met Gala! Um dos maiores eventos de moda do mundo, reúne, sempre na primeira segunda-feira de maio, as maiores grifes e celebridades, sendo considerado o “Oscar da Moda” nos EUA.
A Vogue, responsável pela organização do baile, descreve em seu site oficial: “O Met Gala é um evento beneficente e de arrecadação de fundos para o The Metropolitan Museum of Art’s Costume Institute. Tradicionalmente, ele é programado para marcar a abertura da exposição anual de moda do departamento. Ano após ano, o evento arrecada somas de oito dígitos.”
O tradicional baile do Metropolitan Museum se consolida mais do que um simples evento da moda, pois é vendido como algo exclusivo, restrito e altamente desejado, é selecionado a dedo quem pode participar, o que coloca-o em outro patamar em relação aos outros eventos de moda, tornando-o em um símbolo de status e influência. Além disso, o baile de gala quebra as regras tradicionais da moda ao transformar o tapete vermelho em um palco de performance artística, onde cada look conta uma história, as celebridades fazem um verdadeiro espetáculo e a moda se encontra com o entretenimento de alto nível.
O alcance midiático do Met Gala transforma cada styling em um momento cultural, repercutindo muito além do universo fashion. Redes sociais como Instagram, TikTok e Twitter potencializam esse impacto, tornando as produções do tapete vermelho virais e gerando debates instantâneos. Essa visibilidade transforma o evento em uma vitrine global para estilistas e marcas, que aproveitam a liberdade criativa para lançar tendências e fortalecer seu posicionamento. Mais do que uma noite de gala, o Met Gala movimenta o mercado, influencia comportamentos e reafirma o poder da moda como expressão cultural e estratégia de influência.
| Gigi Hadid no Met Gala de 2022 – imagem do site Versace |
Origem do Met Gala
O Met Gala nasceu em 1948 como um jantar beneficente organizado por Eleanor Lambert, pioneira das relações públicas de moda nos Estados Unidos e responsável pela criação da NY Fashion Week. O evento tinha como objetivo arrecadar fundos para o recém-integrado Costume Institute, departamento do Metropolitan Museum of Art dedicado à história do vestuário. Mas foi apenas na década de 1970, com a entrada de Diana Vreeland como consultora especial do Instituto, que o baile ganhou uma nova dimensão. Vreeland introduziu temas para cada edição e atraiu celebridades, estilistas e membros da alta sociedade, transformando a festa em um dos eventos sociais mais sofisticados de Nova York.
| Cher no Met Gala de 1974 – imagem do site ELLE |
Em 1995, Anna Wintour, editora-chefe da Vogue americana desde 1988 e diretora artística global da Condé Nast, assumiu oficialmente a copresidência do Met Gala e iniciou uma nova era que consolidou o evento como o maior e mais influente da moda mundial. Reconhecida por seu olhar visionário e por moldar tendências ao redor do mundo, Wintour transformou o baile em um espetáculo midiático e cultural, onde moda, arte e celebridades se encontram em torno de um conceito estético pensado nos mínimos detalhes. Foi ela quem estabeleceu a tradicional “primeira segunda-feira de maio” como data oficial do evento e instituiu um rigoroso controle estético: desde a seleção dos convidados até a aprovação dos looks para o tapete vermelho, nada escapa de sua supervisão. Sob seu comando, o Met Gala passou a atrair não apenas os maiores nomes da moda, mas também ícones do cinema, da música, da política e da cultura pop, como Zendaya, Lady Gaga e Timothée Chalamet, tornando-se uma vitrine de poder, imagem e narrativa cultural, e consolidando o papel de Anna Wintour como uma das figuras mais poderosas da indústria da moda.
| Anna Wintour no Met Gala de 2024 – imagem do site CNN Brasil |
O Tema Do Ano: Expectativas e Interpretações
O tema do Met Gala vai muito além de uma simples inspiração estética. Ele orienta toda narrativa do evento, desde o código de vestimenta até a cenografia da noite. Escolhido com extremo cuidado pelo curador Andrew Bolton, à frente do Costume Institute desde 2002, o tema reflete a proposta de aproximar o grande público do universo da moda através de recortes históricos culturais e conceituais.
A cada ano, o evento homenageia desde designers icônicos, como Alexander McQueen e Coco Chanel, até ideias mais abstratas como o surrealismo ou o exagero do “Camp”. Em 2024, com “The Garden of Time”, o evento mais uma vez se propôs a provocar interpretações visuais e simbólicas que mostram a moda como arte e arte como moda, reforçando o poder narrativo dos trajes e o papel do Gala como palco de expressão cultural e reflexão estética.
| Zendaya no Met Gala de 2024 – imagem do site MONDO MODA |
O tema deste ano, que acontecerá no dia 5 de maio, foi anunciado no dia 9 de outubro do ano passado: “Superfine Tailoring Black Style” (bem que poderia ser sobre Taylor Swift, mas é só coincidência sonora mesmo) ou “Impecável: a confecção do Estilo Negro”, que explora o dandismo negro contemporâneo e o código de vestimenta “Tailored for You” ou “Sob Medida Para Você”. Wintour convidou para ser co-anfitriões do evento nomes de peso na indústria: A$AP Rocky, Colman Domingo, Pharrell Williams e Lewis Hamilton, que, além de ser presença frequente no Met Gala sempre homenageando pessoas negras, é embaixador da Dior, reforçando seu papel de destaque na moda de luxo. E como co-presidente honorário, a estrela da NBA e ativista social LeBron James.
Mas o que seria o dandismo negro e como homenageá-lo no baile de gala? Nascido como um gesto de afirmação em meio à opressão, o dandismo negro tem raízes profundas na história da diáspora africana. Homens negros, mesmo diante da escravidão e da marginalização, utilizaram a moda como uma forma de resistência simbólica. Roupas finas e bem cortadas se tornaram armaduras silenciosas, que desafiavam as imposições sociais e reafirmavam a dignidade e a sofisticação de quem as usava. O tema deste ano é inspirado, inclusive, na obra Slaves to Fashion, da pesquisadora Monica L. Miller, e joga luz sobre uma tradição que vai muito além da estética: trata-se de memória, resistência e poder narrativo. “Para os negros em toda a diáspora, moda é autopreservação, moda é resiliência, e mal posso esperar para explorar e amplificar as nossas vozes sub-representadas.”, disse Lewis Hamilton, segundo o site “Primeiros Negros”.
Com um tema histórico como esse, as possibilidades criativas no tapete vermelho são múltiplas. A alfaiataria será, sem dúvida, um dos destaques da noite, com ternos cuidadosamente ajustados, tecidos nobres como seda e linho e camisas de corte impecável. Chapéus, bengalas, joias e lenços ajudam a compor a estética clássica do dândi, enquanto elementos contemporâneos e afrofuturistas devem trazer camadas extras de significado aos looks. Espera-se também um protagonismo maior de designers negros, que por tanto tempo foram invisibilizados na alta moda. O Met Gala 2025, portanto, não será apenas uma vitrine de beleza e estilo, mas um manifesto visual de orgulho, ancestralidade e reparação simbólica.
“O tema pode ser interpretado de inúmeras formas, principalmente se os designers se aprofundarem ao lado histórico e realmente sentirem a importância e peso que o tema carrega. Pela entrega dos últimos anos, tenho expectativas altas com relação às interpretações esse ano, já que podemos ter diversas representações das grandes grifes.” afirma a estudante de Design de Moda pela UEMG Sophia Rocha.
Lewis Hamilton no Met Gala de 2024 – imagem do site BuzzFeed News |
O Processo Por Trás dos Looks: Como Se Chega ao Tapete Vermelho?
Conseguir um convite para o Met Gala é mais complexo do que parece. Mesmo com ingressos individuais que podem chegar a 75 mil dólares, e mesas adquiridas por marcas por valores que ultrapassam os 275 mil, o acesso ao baile não depende apenas de dinheiro. É Anna Wintour quem assina, pessoalmente, cada nome da lista de convidados. Desde 1995, ela comanda o evento rigorosamente, selecionando figuras que representam relevância cultural, influência na moda ou protagonismo em seus campos de atuação. Estar na lista de Anna é um selo de aprovação que posiciona qualquer nome no centro do radar fashion global.
Mas conseguir esse convite vai além do glamour, existem estratégias possíveis para chegar até ele. Algumas celebridades são escolhidas por estarem em evidência no último ano, outras são convidadas por grifes que bancam a participação em troca de visibilidade. Ser presença constante em campanhas de moda, integrar o círculo de estilistas influentes ou estar no centro de debates culturais também conta. Até mesmo relacionamentos podem abrir portas, já que celebridades envolvidas com nomes fortes do evento frequentemente ganham espaço na lista oficial. Foi assim que Kim Kardashian (um nome de peso hoje em dia no evento) antes rejeitada, entrou no baile em 2013 acompanhando Kanye West. Participar como atração musical também é uma via legítima: nomes como Ariana Grande, Rihanna e The Weeknd já performaram na noite e, com isso, garantiram protagonismo absoluto.
| Ariana Grande no Met Gala 2024 – imagem do site Vogue México |
Embora sejam poucas, algumas celebridades brasileiras também já marcaram presença no evento, como Sônia Braga, Gisele Bündchen, Anitta, Alessandra Ambrosio, Adriana Lima, Carol Trentini, Camila Coelho, Isabeli Fontana e, mais recentemente, Bruna Marquezine, reforçando o alcance internacional e o desejo global por um lugar na escadaria do MET.
| Bruna Marquezine no Met Gala de 2024 – imagem do site O Globo |
Mas o poder de Wintour vai além do controle da lista: ela também aprova cada look que será exibido na escadaria do Met. Grifes e estilistas selecionam celebridades que representem a identidade da marca e que ofereçam visibilidade internacional. Em muitos casos, os trajes são feitos sob medida, pensados exclusivamente para o evento, em diálogo com o tema do ano. O processo de criação começa com semanas, às vezes meses, de antecedência, mas é comum que ajustes sejam feitos até as últimas horas antes da chegada ao tapete. E nada, absolutamente nada, é exibido sem o aval final de Anna.
Esse cuidado criterioso na seleção e organização do evento garante que a narrativa visual da noite esteja alinhada com a proposta conceitual da exposição. No entanto, ele também levanta debates sobre até que ponto o impacto visual, muitas vezes voltado para viralização nas redes, pode esvaziar o significado mais profundo do tema. Ainda assim, é inegável: o Met Gala continua sendo o maior palco da moda contemporânea, onde imagem, conceito e poder se entrelaçam com precisão milimétrica.
A estudante de moda comenta: “Ele (o Met Gala) se tornou um grande espetáculo de marketing sem dúvidas, mas por se tratar de um evento que tem como beneficiado um Museu de Arte, é fato que ele segue tendo um reflexo da arte e cultura.”
| Família Jenner no Met Gala 2019 – imagem do site E! News |
O Mistério Além das Escadas: O Que Acontece Dentro do Met Gala?
Apesar do espetáculo que o mundo acompanha nas escadarias do MET, o que acontece dentro do salão do Met Gala permanece um dos maiores mistérios da moda e o que todo telespectador quer saber.Com proibição do uso de celulares e regras rígidas de sigilo, pouquíssimas imagens e relatos oficiais circulam sobre o jantar e a cerimônia interna. O que se sabe é que há performances musicais exclusivas, discursos e uma visita antecipada à exposição temática do Costume Institute. Às vezes, os convidados compartilham discretamente selfies no banheiro, que se tornaram um clássico entre os poucos registros da noite. Mas, no geral, o segredo é parte do charme: o que se vive lá dentro é exclusivo de quem recebe o convite( ou melhor, o novo: “o que acontece dentro do Met Gala, fica dentro do Met Gala”). Essa aura de mistério reforça a sensação de que o Met Gala é uma experiência reservada para uma elite cultural e fashionista.
| Banheiro Met Gala 2017 - imagem do site O Globo |
As Marcas e Estilistas Mais Icônicos do Met Gala
Muito além das celebridades, o Met Gala é também uma arena de prestígio para as grifes de luxo e estilistas mais importantes do mundo. A cada edição, marcas disputam espaço para vestir as figuras mais influentes da cultura pop, criando produções exclusivas que viralizam globalmente. Alexander McQueen, mesmo após sua morte, continua sendo um dos nomes mais reverenciados no evento, com looks icônicos como os de Sarah Jessica Parker e Lana Del Rey. Versace é presença constante, tendo assinado visuais de Gigi Hadid, Donatella Versace e Kim Kardashian. A Maison Margiela, sob o comando de John Galliano, foi responsável por momentos marcantes como o segundo look de Zendaya em 2024 e o visual papal de Rihanna em 2018.
Valentino também se destaca, especialmente por sua parceria com Zendaya, que entrega interpretações conceituais e sofisticadas. Dior, com direção criativa de Maria Grazia Chiuri, tem forte presença com nomes como Lewis Hamilton e Natalie Portman. Gucci, Balenciaga, Thom Browne, Givenchy, Chanel, Prada e Schiaparelli também são grifes recorrentes no tapete vermelho, muitas vezes trabalhando em conjunto com celebridades como Billie Eilish, Blake Lively, Jared Leto, Doja Cat e Kylie Jenner. Cada look é pensado para comunicar não apenas a estética do tema do ano, mas também o DNA criativo da marca.
| Naomi Campbell usando Chanel no Met Gala 2023 - imagem do site ELLE |
O Tapete Vermelho e a Construção da Narrativa Visual
O Met Gala não é feito apenas de vestidos deslumbrantes, ele é composto por momentos que transcendem o tapete vermelho e entram para a história da cultura pop. A cada edição, celebridades não só exibem criações luxuosas, mas também constroem narrativas visuais e performances que viralizam em segundos. É nesse palco que arte, moda, beleza e impacto se entrelaçam.
Alguns nomes se tornaram sinônimos de presença marcante no evento. Para mim, duas figuras que personificam esse impacto são Rihanna e Zendaya. Ambas dominam o tapete vermelho não apenas com seus looks impecáveis, mas com a potência simbólica que carregam. Rihanna redefiniu o que significa “entregar tudo” no Met Gala a partir de 2015, quando apareceu com um vestido amarelo monumental da estilista Guo Pei. Foi ali que ela elevou o nível da noite: até então, muitas celebridades usavam peças bonitas, de grandes grifes, mas sem conexão profunda com o tema. A cantora mostrou que o tapete vermelho podia e devia ser uma performance, uma narrativa visual com começo, meio e fim. Desde então, seu look é um dos mais esperados da noite, e quando ela não comparece, a internet entra em colapso.
Entre os stylings mais memoráveis do Met Gala, os de Blake Lively se destacam pelo glamour e pelo impacto visual. Sua aparição em 2022, com um vestido que se transformava ao vivo para revelar referências à arquitetura da Estátua da Liberdade, é considerada uma das mais icônicas da história do evento. Já a edição de 2018, “Corpos Celestes: Moda e Imaginário Católico”, marcou um dos pontos altos do baile, com visuais que uniram luxo, conceito e sofisticação. Blake, Gigi Hadid e Ariana Grande foram alguns dos grandes destaques daquele ano.
| Blake Lively no Met Gala de 2022 – imagem do site CBS 19 |
Entre os looks mais icônicos do Met Gala estão o vestido com plumas usado por Cher em 1974 e o Givenchy transparente de Beyoncé em 2015. Em 2018, o tema “Corpos Celestes: Moda e Imaginário Católico” resultou em produções marcantes, com destaque para o look celestial de Rihanna, assinado por John Galliano para Maison Margiela. Em 2019, Lady Gaga transformou o tapete em espetáculo: desfilou quatro looks diferentes, todos de Brandon Maxwell, em uma performance tão impactante que fez até Anna Wintour, conhecida por nunca deixar os bastidores, sair para ver o espetáculo ao vivo. Em 2022, Kim Kardashian causou polêmica ao usar o vestido original de Marilyn Monroe. Já em 2024, Zendaya roubou a cena com dois visuais impactantes, um de John Galliano e outro da Alexander McQueen.
| Lady Gaga no Met Gala de 2019 – imagem do site ELLE |
O Que Esperar do Met Gala Esse Ano?
Alguns nomes já estão garantidos no Met Gala 2025. Além dos já definidos co-anfitriões, são presenças confirmadas, segundo Bruno Castilho, a cantora Doechii, que vai debutar no evento, a atriz Ayo Edebiri Janelle Monaé, que sempre entrega looks icônicos no tapete vermelho, o diretor criativo da Balmain Olivier Rousteing, a ginasta Simone Biles e Regina King, que já foram co-anfitriãs do baile, o cantor Usher e Tyla, que debutou ano passado com um styling maravilhoso e completo, considerado um dos melhores da noite.
| Tyla no Met Gala de 2024 – imagem do site Vogue |
Para este Met Gala é esperado muitas interpretações pessoais e criativas, peças que traduzem o estilo pessoal e identificação. A Vogue utilizou como exemplo para o tema o co-anfitrião Comam Domingo usando alta costura Valentino, que reflete muito de quem ele é no tapete vermelho, que é, segundo a Steal the Look no TikTok, “O puro suco de sofisticação e elegância.”
| Colman Domingo no 29º Critics' Choice Awards de 2024 – imagem do site Vogue |
“Acho que veremos a volta das roupas de alfaiataria bem ajustadas, o que influenciará muitas marcas, desde as próprias grifes até as de departamento.” afirma Sophia ao ser questionada sobre como o Met Gala influencia a moda e que tendências podem surgir da edição deste ano.
O Met Gala deste ano promete muito luxo e sofisticação! Agora me conta, quais são suas expectativas para o evento deste ano?
gostei muito da sua matéria! não sabia tão profundamente sobre o met gala e sua matéria me ajudou muito a saber como esse mundo da moda funciona!
ResponderExcluirExcelente a matéria !! Muita rica em detalhes. Não conhecia o Met Gala. Agora já sei como funciona!! Parabéns!!!
ResponderExcluirGostei demais! Ansiosa para o MET desse ano
ResponderExcluirAmei sua matéria!!
ResponderExcluirVocê explicou coisas sobre o MET que eu não sabia, amei a forma como você trouxe essas informações
ResponderExcluirAmooo acompanhar o MET.
ResponderExcluirVejo todo ano
Parabéns pelo trabalho, você vai longe!!!
ResponderExcluirBeijos da vovis
ResponderExcluirAmei participar da matéria!! Ficou incrível!!!
ResponderExcluirAdorei, matéria muito interessante!
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