Stock Car na Pampulha: Entenda como o evento afeta a comunidade da UFMG e arredores

 Por Willian Assis / @willianrassis

Desde algumas semanas antes da volta às aulas, que ocorreu na primeira semana

de março, um assunto tem ecoado entre todos os ambientes da Universidade: a

primeira edição da Stock Car em Belo Horizonte, evento automobilístico que

ocorrerá em agosto.


Para que o evento ocorra, a Avenida Carlos Luz e Rei Pelé, no entorno do Estádio

Mineirão, serão interditadas. No entanto, diversas unidades da UFMG situadas em

proximidade a essas vias serão afetadas, como a Escola de Veterinária (que abriga

diversos animais) e a de Farmácia.


Em razão disso, uma discussão foi instaurada: Quais serão os impactos para a

comunidade da UFMG e moradores da região da Pampulha? Efeitos imediatos já

foram sentidos no primeiro dia letivo do ano, quando o trânsito até a Universidade

foi dificultado pelo corte de árvores nas avenidas que abrigarão o evento.

Espécimes que, inclusive, foram plantadas diante de uma promessa de reposição

da cobertura vegetal nos arredores do Estádio, que foi retirada durante a sua

reestruturação na Copa do Mundo de 2014.

Árvores são cortadas sem aviso prévio. (Foto: Rodney Costa / O TEMPO)

Em uma nota à comunidade divulgada pelos canais da UFMG e assinada pela reitora

Sandra Regina Goulart Almeida e pelo vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira em 28 de

fevereiro, a Universidade demonstra a falta de comunicação sobre o evento e o local, que

foi decidido ”sem que se tenha sido estabelecido um amplo diálogo entre os organizadores

e o poder público municipal com a Administração da Universidade e a comunidade

universitária, que tomou conhecimento dos acordos pactuados para a realização do evento

por meio da mídia.”


Ademais, em outra parte do documento, é dito que “A Universidade tem acompanhado, com

enorme apreensão, o ainda incipiente debate público em torno dessa pauta”.


A pré-candidata à vereadora de Belo Horizonte, Sofia Amaral, diz que uma das grandes

preocupações se devem ao bem estar animal, “já que ali do lado tem um biotério, que [...]

cria e cuida dos animais que são utilizados em pesquisas científicas, que podem ser

prejudicados, uma vez que aquele animal pode ser submetido ao estresse, [devido] ao

barulho, o número de decibéis, que passa de 120, emitidos pela corrida da Stock Car. Ele

não tem uma barreira acústica que suporte isso e que proteja os animais do biotério, como

também do hospital veterinário, que atende 24 horas por dia, 7 dias por semana”.


Na quarta-feira (10/04),  foi aprovado um relatório da Comissão de Educação, Ciência e

Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Nele, a presidente da

Comissão, a deputada estadual Beatriz Cerqueira, afirma que “Nós conseguimos

demonstrar, tecnicamente, que os prejuízos que a Stock Car trará à UFMG são irreparáveis,

irremediáveis”. Ademais, “Nós corremos o risco de ter prejuízos em relação a pesquisas, a

vacinas, ao  avanço significativo na área da ciência, no enfrentamento ao câncer, por

exemplo, além de uma série de vacinas, exatamente pelo impacto que a Stock Car causará,

de forma irremediável, para o biotério”.

Visita ao Biotério Central, realizada pelas Deputadas Beatriz Cerqueira e Bella Gonçalves;

ao fundo, a coordenadora Adriana Abalen. (Foto: Henrique Chendes / ALMG)

Além disso, Sofia comenta como a população e os estudantes podem ajudar a evitar que

esse evento aconteça: “O primeiro passo para poder impedir que isso aconteça e nos ajudar

nessa mobilização é participar dos chamamentos públicos que a gente tem feito e

mobilizado. O primeiro deles é assinar o abaixo assinado, que está circulando nas redes

sociais. [...] Participar, também, das audiências públicas nos espaços de construção em que

essa pauta está sendo debatida. Então, existem encaminhamentos de audiências públicas,

tanto na Assembleia quanto na Câmara Municipal, e a gente precisa ocupar esses espaços,

lotar esses espaços para demonstrar força política e mobilização social e, a partir daí,

conseguir [...] ajudar a barrar esse empreendimento”.


Na última quinta-feira (18), ocorreu uma mobilização em frente à portaria da Antônio Carlos,

que contou com a presença de vários membros do corpo discente da Universidade e

ativistas políticos.

Estudantes protestam em frente à portaria Antônio Carlos. (Foto: Willian Ribeiro de Assis)

Até o momento, o evento segue com previsão de acontecer em agosto. O primeiro lote de

ingressos se encontra esgotado.


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